ü DA CONSTRUÇÃO DO TEMPLO (1)
A pedra mais sólida do templo é a que
se coloca em amoroso silêncio, como o luar mais límpido se espelha num lago na
quietude nocturna. É a própria luz, e não uma voz troante, que mostra o que se
deve mostrar. O acto diário de ser, o gesto simpático que tantas vezes ilumina
o outro como um voo de ave no céu, isso é também a construção do templo. Fazer
o melhor que é possível aumenta sempre a auréola do templo. Porém, o que lhe dá
a fortaleza contra tempestades súbitas do mundo e os efémeros gostos de cada
época, é o sacrifício consentido de uns tantos, soldados e generais em
simultâneo, talhando as directivas e logo fazendo, pois, como disse um poeta «o
esforço é grande e o homem é pequeno».
A construção do templo, seja o de cada um,
vestimenta luminosa do corpo-alma, seja um outro mais amplo daqueles que voluntariamente não
abandonam a seara do Senhor, Servidores Invisíveis do Arquitecto-Mor, segue
sempre o seu percurso como a marcha do tempo, mesmo na apatia e desconforto de
alguns dias, ou se a escuridão momentânea se abate sobre os braços vigilantes
dos obreiros. Permanecer é um sentimento de certeza de que aquilo que se ergue
nenhuma erosão desgasta e nenhum falso profeta ousará aproximar-se onde a luz
da verdade e do amor queima a mentira.
Eduardo Aroso ©
Equinócio de Setembro, 2016
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