domingo, 22 de novembro de 2020

SITUACIONISTAS E NEGACIONISTAS E (AINDA) O ESTREITO PENSAMENTO BINÁRIO

 

No drama Romeu e Julieta, digladiavam-se as famílias dos Montéquios e dos Capuletos, progenitores dos célebres amantes. Na tragédia da morte, apaziguaram-se as duas hostes. O que estava entre aquele ódio (por certo devido a interesses materiais e outros) era a verdade do amor, a existência única que poderia dissolver os antagonismos. No caso da actual pandemia dever-se-ia imaginar um outro amor, o de apurar as várias situações que vão surgindo no presente panorama, ao invés de se imitar o que se passa nos clubes de futebol: para o adepto de uma equipa, mesmo que esta perca, é sempre a melhor do mundo!

A covid19 existe cientificamente, como real, no aproveitamento do facto, é a defesa de interesses, organizados ou não. Imaginar que alguém, seja a opinião pública ou algum amigo ou conhecido possa situar/classificar uma pessoa no grupo dos situacionistas ou negacionistas, pode ser ligeiramente desagradável, ou mesmo traumático verificando-se uma reacção emocional forte de auto-estima. Para o «pensamento que pensa», que visa apurar o que parece certo ou errado, sem que tenha que exibir bandeira ou crachá, terá que se desenvencilhar do obstáculo que causa esse medo da opinião pública de o classificar como sendo de uma falange ou de outra. Tão grave como esse obstáculo é desencorajar o cidadão de saber o que é certo ou errado (que de certo modo é mais função dos especialistas no assunto), apresenta-se-nos o desencorajamento de indagar o que vai da teia dos interesses à demoníaca contra-informação.

Em tudo isto, a ideia do absurdo conceito «pós-verdade» funcionas às mil maravilhas.

 

Eduardo Aroso©

22-11-2020

 

 

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