SITUACIONISTAS E NEGACIONISTAS E (AINDA) O ESTREITO PENSAMENTO BINÁRIO
No
drama Romeu e Julieta, digladiavam-se as famílias dos Montéquios e dos Capuletos,
progenitores dos célebres amantes. Na tragédia da morte, apaziguaram-se as duas
hostes. O que estava entre aquele ódio (por certo devido a interesses materiais
e outros) era a verdade do amor, a existência única que poderia dissolver os
antagonismos. No caso da actual pandemia dever-se-ia imaginar um outro amor, o
de apurar as várias situações que vão surgindo no presente panorama, ao invés
de se imitar o que se passa nos clubes de futebol: para o adepto de uma equipa,
mesmo que esta perca, é sempre a melhor do mundo!
A
covid19 existe cientificamente, como real, no aproveitamento do facto, é a
defesa de interesses, organizados ou não. Imaginar que alguém, seja a opinião pública
ou algum amigo ou conhecido possa situar/classificar uma pessoa no grupo dos
situacionistas ou negacionistas, pode ser ligeiramente desagradável, ou mesmo traumático
verificando-se uma reacção emocional forte de auto-estima. Para o «pensamento
que pensa», que visa apurar o que parece certo ou errado, sem que tenha que
exibir bandeira ou crachá, terá que se desenvencilhar do obstáculo que causa
esse medo da opinião pública de o classificar como sendo de uma falange ou de
outra. Tão grave como esse obstáculo é desencorajar o cidadão de saber o que é certo
ou errado (que de certo modo é mais função dos especialistas no assunto),
apresenta-se-nos o desencorajamento de indagar o que vai da teia dos interesses
à demoníaca contra-informação.
Em
tudo isto, a ideia do absurdo conceito «pós-verdade» funcionas às mil
maravilhas.
Eduardo
Aroso©
22-11-2020
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